Uma Trajetória de Trabalho e Coragem

O começo tímido, em maio de 1979, que se apresentava como um investimento equivocado, fadado ao fracasso, contrasta com a realidade de hoje. A trajetória de mais de três décadas não foi fácil para uma empresa familiar que se transformou numa gigante da indústria gráfica feirense. A receita é simples, segundo a matriarca Adeilde Magalhães Caires: muita luta, muitos sacrifícios, muito trabalho e união.

Esforçando-se para conter a emoção, Adeilde Caires narra a trajetória da EMGRAF - Empresarial Gráfica Feirense Ltda., caso raro no ramo, pois mantém o mesmo endereço e o mesmo CNPJ da época em que ainda era uma empresa de fundo de quintal: o marido, Aderbal Souza Caires, comprou uma gráfica falida, com dívidas. Tivemos que vender um carro recorda-se, sem mostrar qualquer sinal de constrangimento.
O casal, já na época com dois filhos, Leonardo e Raiana, teve que adquirir um fusquinha velho para desenvolver as atividades da empresa.

O primeiro passo: honrar os compromissos e não recorrer à mudança do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ, artifício usado por vários empresários para fugir de dívidas tributárias ou trabalhistas.


Sempre Unidos

Sempre trabalhamos juntos, com muita coragem, com união, com planejamento. Afirma a matriarca da família, com voz tranquila, tom suave. A filha Raiana, nutricionista, trabalha em Salvador. O filho Leonardo, ao lado da mãe, dirige a empresa, na Rua Santos Dumont, no centro de Feira de Santana.

Ela informa que desde pequeno Leonardo ia para a gráfica e foi se acostumando ao barulho das impressoras. Aos 12 anos já estava ajudando os pais, depois das tarefas escolares. Fazia serviços de banco, com responsabilidade, e outras pequenas tarefas. Gostava de ficar na gráfica revela. Paulo Cesar Souza Oliveira, impressor, na empresa há 27 anos, lembra muito bem. Conheci Leo ainda criança, aqui na gráfica confidencia.

A vivência com a rotina da gráfica impediu que Leonardo se dedicasse a outra atividade, a não serem os estudos. Após a conclusão do segundo grau, arriscou o curso de Administração de Empresas. No segundo semestre tranquei matrícula e nunca mais retornei à Faculdade. Tinha que me dedicar à gráfica. É o que sei fazer, pois não aprendi outra coisa sublinha, sem qualquer traço de mágoa. Minha maior faculdade foi meu pai.

Diversificação

Até 9 de agosto de 2006, quando faleceu em Salvador, aos 58 anos, em consequência de problemas hepáticos, o casal Aderbal Souza Caires e Adeilde Magalhães Caires, juntamente com o filho Leonardo, conduziram a empresa, crescendo aos poucos, com segurança. Nossa caminhada foi planejada, sem precipitações, com cautela e muita dedicação, explica.

Aderbal, conforme relata Leonardo, saiu direto da gráfica para fazer exames em Salvador. Internado em um hospital da capital baiana, mostrava serenidade. Ele me chamou e disse que agora tinha que dar atenção à saúde, que estava tranquilo, com certeza de que a gráfica estava bem cuidada, comigo e minha mãe no comando conta, com a voz embargada.

A viúva e o filho não decepcionaram o fundador da Emgraf. Mantendo os mesmos princípios administrativos, sempre fazendo compras para expandir a gráfica, investindo em tecnologia e valorizando os funcionários, a Emgraf foi ampliando o raio de ações e número de clientes, hoje, com mais de 2500 cadastrados, de várias cidades da Bahia e até mesmo de outros estados.

Agora é uma indústria gráfica, com máquinas de última geração, totalmente automatizada dando boa impressão conforme slogan da empresa. Tem três máquinas de quatro cores, duas em pleno funcionamento e a terceira em fase de montagem, sendo assim, a Emgraf, encontra-se preparada para a demanda da campanha política de 2012, as quais fazem impressão de até 15 mil folhas por hora, destaca.

Os investimentos em maquinários permitiram a diversificação da produção. Além de livros, cadernos, materiais escolares, revistas e jornais - além de O Metropolitano, a Emgraf, imprime os outros cinco jornais feirenses - constam do acervo de serviços catálogos, rótulos e embalagens em diversos formatos e dimensões.

Paulo Cesar, que também faz corte e vinco, está satisfeito com o trabalho de quase três décadas na empresa. É um ambiente de trabalho muito bom, todo mundo integrado, salienta. Bruno de Freitas, quatro anos na casa, ajudante de impressão, foi capacitado na gráfica. Aprendi minha profissão aqui e aqui quero permanecer por muito tempo, frisa.